Carreira
na área de dança oferece possibilidades além da vida de bailarino
Se você ama dançar, mas tem dúvidas se o seu hobby pode ser a sua profissão, a boa notícia é que pode sim. Siga os conselhos do maitre Tadheo de Carvalho, diretor do Ballet Jovem do Bailado de Ourinhos/SP, nesta entrevista exclusiva concedida a Atores & Mídias, durante os cursos de férias na Academia Líder de Artes, em Rondonópolis/MT
"Saúde é importante e o balé propicia uma vida mais saudável aos seus praticantes", diz o maitre.(fotos: divulgação assessoria Líder de Artes) |
Atores & Mídias
(Com assessoria de Ariel Venâncio)
A profissão de bailarino(a) exige muita dedicação, disciplina, persistência e treino. São necessários anos de estudos. Existem escolas especializadas em balé com metodologias diferentes no país. Os mais conhecidos são o balé francês, o inglês, o russo e o cubano.
Em Rondonópolis/MT, a Academia Líder de Artes, sob a direção de Sarah Jane Venâncio – professora graduada pelo método inglês da Royal Academy of Dance, de Londres –, trabalha com a formação de bailarinos profissionais há quase três décadas. “A primeira turma preparada por mim, com alunas da Academia Líder, prestou exame em 1989, na Academia Isadora Duncan em Campo Grande/MS”, relembra Sarah, que anos antes, em 1987, já havia sido aprovada no exame como bailarina pela metodologia, e foi qualificada no Programa de Formação de Professores da Royal, em 1994.
A metodologia aplicada pela Líder de Artes, portanto, tem o respaldo de renomados profissionais do balé brasileiro como, por exemplo, o maitre Tadheo de Carvalho. Na semana passada (de 25 a 29/07), o diretor do Ballet Jovem do Bailado de Ourinhos/SP, esteve em Rondonópolis, a convite da Delegacia Regional da Dança de Mato Grosso, treinando alunos, professores e bailarinos profissionais, na Líder de Artes. Na ocasião ele ministrou cursos de Treinamento Olímpico; Técnica nas Pontas; e aulas para Bailarinos de Nível Avançado.
Segundo Sarah, o professor convidado trouxe muita informação em todos os cursos, com destaque à proposta do Treinamento Olímpico para Bailarinos. Ela afirma que essa aula auxilia e amplia a capacidade de preparar o corpo do bailarino para os difíceis movimentos da dança clássica. “O Tadheu de Carvalho é mestre em transformar físicos em curto prazo, e essa é uma aula que vale muito a pena de ser observada”, recomenda Sarah Jane, acrescentando que é sempre bom perceber professores (maitres) que mostram resultados na prática do ensino.
Para Tadheo a dança é uma ótima alternativa de profissão. “Os campos de atuação reservados ao profissional da área abrangem tanto as carreiras de bailarino, coreógrafo e intérprete, como o ensino em escolas regulares e em academias especializadas, entre outras possibilidades”, diz o maitre.
Confira na entrevista abaixo as dicas do mestre Tadheo de Carvalho para quem anseia galgar a carreia de bailarino.
O maitre Tadheo de Carvalho (ao centro) orienta os bailarinos Ariel Venâncio e Matheus Segrini no curso de aperfeiçoamento profissional, realizado na Academia Líder de Artes em Rondonópolis/MT. |
THADEO DE CARVALHO – A formação do bailarino profissional se inicia ainda criança, na idade entre 06 e 07 anos, com a preparação da musculatura do aluno. Primeiro se prepara o bailarino fisicamente para, só então por volta dos 09 anos, ele dar inicio ao processo da dança acadêmica. As escolas no Brasil oferecem, a priori, as aulas de Baby Class – mais como uma aula lúdica, uma brincadeira –, porque acham interessante e querem iniciar a educação das crianças de alguma forma... Mas eu prefiro que se vá direto ao ponto. Começa-se, na realidade, com os exercícios físicos. Igual aos treinos da ginástica olímpica e rítmica, nos quais as crianças já começam cedo, fazendo a preparação muscular para atingir bons resultados futuros, conforme seu crescimento.
A&M - Quantos anos são necessários de estudo? Quais as disciplinas que se aprende nesse período?
THADEO DE CARVALHO – Para a formação do bailarino são necessários de 8 a 9 anos de estudos. Aprende-se prioritariamente a técnica de balé clássico, com a execução perfeita dos passos. Paralelo a isso se desenvolve o lado artístico, em que se aprende a trabalhar as emoções. Numa escola oficial de Balé Clássico, as disciplinas vão desde a aula de preparação corporal, aula de dança folclórica, aulas teóricas sobre a história da dança e das artes, aula de ponta, aula de Pax de Deux... Aqui no Brasil existem boas escolas e academias de dança, com bons professores, que aplicam conteúdo próprio, baseado nas metodologias das escolas russa, cubana, inglesa, francesa... Os professores vão a fundo com suas pesquisas e estudos, desenvolvendo excelentes trabalhos para a formação profissional do bailarino.
A&M - Com quantos anos é possível começar a dançar balé? Dá para começar a carreira adolescente ou já em idade adulta?
THADEO DE CARVALHO – A criança tem que começar novinha mesmo. Aqui no Brasil tem essa mania de começar mais velho já com 12 ou 15 anos. E tem bailarinos que começam com 17 ou 18. Depende muito do biotipo e do físico de cada um. Porém começar ainda criança é o mais indicado, pois realmente é quando a musculatura, ainda em desenvolvimento, está no ponto para começar a ser trabalhada. Na adolescência o corpo está mudando, os hormônios vão mudando, e aí tudo vai modificando, e com os treinos o corpo vai se adaptando, de acordo com a estrutura física essencial e adequada para a performance do bailarino. Nunca é tarde para se aprender a dançar!
A&M - Quais os benefícios para quem quer praticar o balé como hobby, ou apenas como atividade física?
THADEO DE CARVALHO – Saúde é importante e o balé propicia uma vida mais saudável aos seus praticantes. Mesmo fazendo dança apenas por hobby, o aluno adquire doutrina, disciplina, musicalidade, educação, conhecimento, etiqueta... Além de quê, ele explora muito seu lado físico. A disciplina proposta pela dança se aplica em tudo no seu dia a dia, desde como na maneira de falar, se expressar, na postura, no andar e como se veste... É uma etiqueta geral para toda a vida. E com o passar dos anos vai fortalecendo sua musculatura, sua postura. Mas isso somente deve ser praticado sob a orientação de bons profissionais.
THADEO DE CARVALHO – A criança tem que começar novinha mesmo. Aqui no Brasil tem essa mania de começar mais velho já com 12 ou 15 anos. E tem bailarinos que começam com 17 ou 18. Depende muito do biotipo e do físico de cada um. Porém começar ainda criança é o mais indicado, pois realmente é quando a musculatura, ainda em desenvolvimento, está no ponto para começar a ser trabalhada. Na adolescência o corpo está mudando, os hormônios vão mudando, e aí tudo vai modificando, e com os treinos o corpo vai se adaptando, de acordo com a estrutura física essencial e adequada para a performance do bailarino. Nunca é tarde para se aprender a dançar!
"Nunca é tarde para se aprender a dançar",
afirma o mestre Tadheo de Carvalho.
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THADEO DE CARVALHO – Saúde é importante e o balé propicia uma vida mais saudável aos seus praticantes. Mesmo fazendo dança apenas por hobby, o aluno adquire doutrina, disciplina, musicalidade, educação, conhecimento, etiqueta... Além de quê, ele explora muito seu lado físico. A disciplina proposta pela dança se aplica em tudo no seu dia a dia, desde como na maneira de falar, se expressar, na postura, no andar e como se veste... É uma etiqueta geral para toda a vida. E com o passar dos anos vai fortalecendo sua musculatura, sua postura. Mas isso somente deve ser praticado sob a orientação de bons profissionais.
A&M - O que é preciso levar em consideração na hora de escolher o balé como profissão? Há limitações dos anos de vida útil da carreira do(a) bailarino(a), com relação à idade?
THADEO DE CARVALHO – Depende de cada um. Quem começa mais velho, a tendência é ter menos tempo de carreira. Quem começa com 18 anos, por exemplo, aos 30 anos aproximadamente já estará terminando seu ciclo profissional, por consequência das dificuldades físicas, porque não trabalhou desde a idade inicial recomendada. Quem começa ainda criança pode atingir seu auge até com bem mais de 30 anos; e estará no ápice de sua carreira. Isso eu falo principalmente no campo da carreira internacional.
"Tudo o que lhe é acrescentado, por meio de seus esforços, irá contribuir para o seu aprimoramento e resultados profissionais no futuro", orienta Tadheo. |
THADEO DE CARVALHO – Aqui no Brasil não é fácil a carreira no segmento da dança clássica. Não existem grandes oportunidades. Por isso o bailarino tem que pôr os pés no chão e compreender que o mercado da dança brasileira é complexa. Enquanto isso, planejar a exploração do mercado internacional. Para isso é preciso dedicar-se objetivamente: estudar com bons professores, desenvolver-se técnica e artisticamente, e acumular boas experiências. Entretanto, ele pode sim entrar para companhias brasileiras e pode se dar muito bem. Eu mesmo preparei grandes profissionais, que atuam como primeiros bailarinos ou solistas, espalhados por várias companhias do Brasil, tanto contemporâneas quanto clássicas, como por exemplo no elenco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e na São Paulo Cia. de Dança.
Mas, o mercado brasileiro é ainda delimitado pelo lado da política governamental. O Governo Brasileiro não apoia em nada. Vamos ver agora, com essa mudança de governo, se começam a nos olhar um pouco mais com carinho, pois a dança, a parte artística em si, está um pouco abandonada. Pra se ter uma ideia o Ballet do Teatro Guaíra, um dos mais importantes do País, encerrou suas atividades. Todos os bailarinos e também os músicos da orquestra foram mandados embora. É preciso ter consciência dessas dificuldades que encontramos no Brasil e por isso almejar o mercado internacional.
A&M - Quais dicas você dá para quem quer seguir essa profissão?
THADEO DE CARVALHO – Seja fiel às suas escolhas. Trabalhe com honestidade, seja grato e seja humilde também. Trabalhe com simplicidade. E trabalhe todos os dias. Não espere muito... trabalhe com verdade, com dedicação. Tudo o que lhe é acrescentado, por meio de seus esforços, irá contribuir para o seu aprimoramento e resultados profissionais no futuro.