terça-feira, 26 de setembro de 2017

ESPECIAL | Cia. Apocalíptica 3x4: a paixão pelo teatro e o reconhecimento

Em cartaz com o premiado espetáculo ‘Homem do Princípio ao Fim’ a trupe teatral do diretor Lawrence Garcia, de Rio Preto/SP, comemora 4 anos, com inauguração da sede própria, temporada da 2ª edição do projeto Apocalíptica 3x4 pelo Prêmio Nelson Seixas, e uma agenda lotada de oficinas e contações de histórias até o final do ano.

Com 'Homem do Princípio ao Fim' a Cia. Apocalíptica subiu ao palco do Centro Cultural Vasco no último sábado(23), celebrando o reconhecimento, e dando início à temporada do Prêmio Nelson Seixas. (Fotos: Divulgação).
Por Clóvis Assis
>Especial Atores & Mídias

Desde a estreia no cenário teatral do noroeste paulista, em outubro de 2013, a Cia. Apocalíptica, de São José do Rio Preto/SP, vem, incansavelmente, conquistando seu lugar ao sol – ou, melhor dizendo, o merecido prestígio nos palcos. A companhia projeta-se, a cada dia, no circuito cultural como uma das mais conceituadas companhias teatrais do Estado de São Paulo – por meio de projetos artísticos e sociais voltados à formação humana.

Na última semana o teatrólogo Lawrence Garcia, idealizador da jovem companhia rio-pretense, valeu-se da página oficial da Cia. Apocalíptica no Facebook para compartilhar a próspera fase – de muito trabalho –, alcançada pela companhia em 2017. “Falemos sobre... Reconhecimentos!”, intitulou o post.

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Na publicação ele demonstrou contentamento ao contextualizar os resultados da árdua trajetória nestes quatro anos da Cia. E expressou gratidão pelo reconhecimento ao ter projeto contemplado – pela primeira vez – com o Prêmio Nelson Seixas (Lei municipal de incentivo à cultura de Rio Preto/SP.)

“Nunca ganhamos o Nelson Seixas, ou nos apresentamos no FIT [Festival internacional de teatro] ou no Aniversário da Cidade”, escreveu ele na rede social. “Então quando falaram nosso nome a perna tremeu, o sorriso preencheu o rosto e a alegria foi infantil mesmo”, comemorou.
(Imagem: Reprodução Facebook da Cia Apocalíptica)
Contudo, Lawrence admite que alcançar o mérito profissional – principalmente no segmento artístico –, não é caminhada fácil. “Passamos por muitos perrengues no meio do caminho. Muita gente até falando que não fazíamos por merecer nosso trabalho na cidade”, revelou ele, na rede. “Desde sempre fomos do ‘rolê independente’, fazendo na raça e muitas vezes forçando nosso teatro”.

Os esforços valeram a pena. A trupe teatral comemora 4 anos, com a temporada da 2ª edição do projeto Apocalíptica 3x4, pelo Prêmio Nelson Seixas, uma agenda lotada de oficinas e contações de histórias até o final do ano e ainda a abertura oficial do QG da companhia. “Inauguração da nossa sede! É muita coisa boa!”, compartilhou no Facebook.


Com a comédia dramática O Homem do Princípio ao Fim (de Millôr Fernandes) – a primeira obra do grupo –, que a Cia. Apocalíptica subiu ao palco do Centro Cultural Vasco no último sábado (23), celebrando o reconhecimento, e dando início à temporada de apresentações e oficinas, com o incentivo do Prêmio Nelson Seixas.

Este espetáculo faz parte do projeto ‘Apocalíptica 3x4’ – que é composto pelas mostras de todas as montagens do grupo (ao todo são seis peças teatrais) e pelas atividades de Vivencias Apocalípticas (oficinas artísticas).

A agenda da companhia está praticamente lotada até dezembro, (confira programação ao final da matéria). “Serão apresentações em Talhado, Engenheiro Schmidt, no Estoril, no Cidadania...”, postou Lawrence, ressaltando que o valor do ingresso quem decide é a plateia. “O espectador paga quanto puder”, anunciou, comprometido em incentivar a “arte democrática e popular”.

Atriz revelação: Carolina Campos (Foto: Divulgação) 
O Homem do Princípio ao Fim é o primeiro trabalho do repertório da Apocalíptica, montado em 2013. O espetáculo fascinou milhares de espectadores, recebeu elogios de críticos especializados e já coleciona prêmios por participações em diversos festivais e mostras de teatro.

Em Mogi Guaçu o espetáculo conquistou os prêmios de melhor ator (para Danilo Melo), maquiagem e atriz revelação (para Carolina Campos). Já no festival de Ourinhos/SP, foram conquistados os prêmios de melhor iluminação e direção (para Lawrence Garcia).

O ESPETÁCULO 

Escrito por Millôr Fernandes no final da década de 60, Homem do Princípio ao Fim convida à reflexão bem-humorada sobre a existência humana. A peça traça um grande painel da trajetória do homem desde Adão até a Bomba H, esmiuçando os seus sentimentos, medos, mesquinharias, lutas e sua capacidade de criar – e destruir.

Na atmosfera do espetáculo imaginado pela Cia. Apocalíptica, a dramaturgia de Millôr (ora cômica, ora dramática), mantém-se incrivelmente bela e atual – devidamente valorizada pela direção de Lawrence Garcia.

A peça se desenvolve como ‘colagens’, com a inserção frequente de crônicas, poesias e prosas, de autores consagrados como Shakespeare, Gonçalves Dias, Rubem Braga, etc. As cenas acontecem a partir de temas que permeiam as relações humanas – amor, ódio, ciúme, medo.


O foco da montagem é fundamentado na atuação do elenco, com construção baseada no teatro físico. Os atores Carolina Campos, Danilo Melo e Tiago Augusto Lima têm muita química, o que soma para a montagem e para o vínculo afetivo dos personagens. Saem-se bem tanto nas partes bem humoradas, quanto nas dramáticas. O texto ganha vida com leveza e ritmo. É notável a abertura do diretor para que os atores se divirtam em cena – e com responsabilidade –, o que contagia a plateia.

O cenário é simples, composto por elementos de cena como cadeiras, pedestal e microfones (somente aproveitados para as canções), instrumentos musicais e alguns adereços que o elenco utiliza ao longo das histórias, assumindo diversos personagens. A iluminação bem desenhada, com cores quentes e frias projetadas no ciclorama, completa a cenografia. Há também uma boa trilha sonora, com canções executadas ao vivo que sublinham emoções pontualmente.

A trama, tecida aos poucos, quadro a quadro, resulta em um exercício da inteligência, do humor e do profundo interesse pelo ser humano. E ao utilizar justamente a inteligência (o maior dos atributos humanos), a peça leva-nos da perplexidade à mais gostosa satisfação. É o homem fazendo e contando a história.

O Homem do Princípio ao Fim, da Cia. Apocalíptica, resulta em um espetáculo catártico, sugerindo-nos a refletir sobre a nossa própria existência. É de encantar aos olhos e fazer pulsar o coração!

>por Clóvis Assis | Especial Atores & Mídias

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HISTÓRIA 

Um certo dia, por uma razão que você desconhece, surge o reconhecimento. Reconhecimento teatral, o que me refiro. As vezes é por uma atuação específica, um tiro certeiro que faz com que naquele exato momento toda a energia e sensibilidade despendidas agreguem-se aquele encontro magnífico entre o ser e sua arte.

Fundada em 2013 a Cia Apocalíptica, de São José do Rio Preto/SP, acumula em seu repertório seis espetáculos (Homem do Princípio ao Fim, Ab Urbe 

Condita
, A Mochila Amarela, Saltimbancos, Cuidado com a Cuca e o auto de natal No caminho para Belém, inspirado na obra de Maria Clara Machado
), que percorrem diversos festivais pelo estado de São Paulo. “Nosso objeto de investigação é a condição humana pautada no movimento vanguardista (de ruptura com o modelo já existente) tanto teatral como em outras vertentes”, ressalta Lawrence Garcia.

Os estudos têm o objetivo de relacionar os movimentos teatrais como um todo com as mudanças na sociedade em que este se desenvolveu. A partir disso relacionar as condições que levaram a ruptura e comparar as semelhanças e diferenças em cada movimento.

Segundo o diretor toda forma artística reflete o pensamento de uma sociedade. "Estudar as mudanças da arte é, obrigatoriamente, estudar as mudanças da sociedade. Como o homem é um produto do meio e, ao mesmo tempo, um ser histórico e cultural, estudamos, na verdade, o ser humano contemporâneo e seu próximo passo na escala evolutiva artística”, conceituou.

>>+MAIS
Facebook/lawrence.w.garcia
Facebook/cia.apocaliptica 


>>AGENDA DA CIA. APOCALÍPTICA:

>SETEMBRO
Dias 02;09;16;23;30 às 15h - Contação de Histórias (Livraria Leitura) [ Gratuito]
Dia 23 às 20h - Homem do Princípio ao Fim (Centro Cultural Vasco) [Pague o quanto puder]
25-29 - Um Munco de Contos e Segredos (E.M. Prof Clóvis Sanfelice)
Dia 30 às 17h - A Mochila Amarela (Arena Cacilda) [Gratuito]

>OUTUBRO
Dias 01; 08; 15; 22; 29 às 16h30 - Contação de Histórias (Mani di Puppo Sorvete e Açaí Artesanal) [Gratuito]
Dias 07; 14; 21; 28 às 15h - Contação de Histórias (Livraria Leitura) [Gratuito]
Dia 06/10 às 19h - Oficina de Contação de Histórias na Casa de Cultura (no evento Encubadora Cultural)
Dia 02; 06 - Um Mundo de Contos e Segredos (Colégio Jean Piaget)
Dia 04 às 9h e as 14h - Saltimbancos (Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto)
Dia 05 às 9h e as 14h - A Mochila Amarela (Teatro Municipal Humberto Sinibalde neto)
09 - 17 - Um Mundo de Contos e Segredos (Colégio Luminus Delphos)
Dia 19 - Vivencias Apocalípticas - Introdução a Musicalidade no Teatro (Tiago Augusto Lima)
Dia 24 - Vivencias Apocalípticas - Voz e expressão vocal (Beta Cunha)
Dia 26 - Vivencias Apocalípticas - Introdução a Dança Contemporânea (Carolina Campos)
Dia 31 - Vivencias Apocalípticas - Introdução a Criação de Personagens (Danilo S. Melo)

>NOVEMBRO
Dias 04; 11;18; 25 às 15h - Contação de Histórias (Livraria Leitura) [Gratuito]
Dias 05; 12; 19; 26 às 16h30 - Contação de Hustórias (Mani di Puppo Sorvete e Açaí Artesanal) [Gratuito]
Dia 07 - Vivencias Apocalípticas - Introdução as técnicas de Clown (Fabiana Pezzotti)
Dia 09 - Vivencias Apocalípticas - Introdução a Contação de Histórias (Lawrence Garcia)
Dias 11 e 12 das 10h às 16h30 - Oficina RasaBoxes, O Ator como Atleta das Emoções (Centro Cultural Professor Manoel Antunes) [Gratuito]
Dia 19 às 15h - 1º ECOAR (Encontro Municipal de Contadores de Histórias) (Sede Apocalíptica) [Gratuito]
Dia 19 às 17h30 - Inauguração Sede Apocalíptica!! (Sede Apocalíptica) [Gratuito]
Dia 24 às 9h - A Mochila Amarela (Talhado) [Gratuito]
Dia 24 às 21h - Ab Urbe Condita (GTR - Grupo Teatral Rio-pretense) [Gratuito]
Dia 25 às 20h - Homem do Princípio ao Fim (CEU das Artes) [Gratuito]
Dia 26 às 17h - Saltimbancos (Engenheiro Schmidt) [Gratuito]
Dia 30/11 - Participação no FLIJOB - 
Cuidado com a Cuca no SESC/Catanduva

>DEZEMBRO
Estreia do espetáculo "No Caminho para Belém"
 


>>Obs.: Todas as atividades do projeto Vivencias Apocalípticas serão gratuitas e acontecerão das 14h as 17h na sede do ADRA -Parque Cidadania