sábado, 7 de julho de 2018

FESTIVAL | Espetáculo argentino 'Tudo Que Está ao Meu Lado', leva público para a cama, no FIT Rio Preto

O diretor Fernando Rubio instala camas-teatro em espaços públicos ao ar livre na montagem em cartaz na 18ª edição do Festival Internacional de Teatro de Rio Preto (SP), que começou na quinta-feira (5) e vai até o dia 14 de julho. Na peça, formada por sete camas, atrizes resgatam intimidade ao contar histórias embaixo dos lençóis.
 
Na obra Tudo Que Esta ao Meu Lado' cada participante por vez partilha a cama com uma atriz de modo a vivenciar uma história. (Foto: FIT/Divulgação)
🎬 Clóvis Assis/Redação   
 A t o r e s   &   M í d i a s

SE A ARTE contemporânea e sua influência no palco deixam rastros de que categorias e linguagens foram implodidas, a sensação de que a conexão entre pessoas perdeu para um mundo fragmentado também é preocupação da arte.
'Tudo Que Está ao meu Lado', concepção
do argentino Fernando Rubio, encenada no
FIT Rio Preto (Foto: Divulgação)

Em busca dessa utopia concreta de reatar laços, o argentino Fernando Rubio instala camas-teatro na montagem Tudo Que Está Ao Meu Lado na 18ª edição do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (SP), que começou na quinta-feira (5) e vai até o dia 14 de julho.

O espetáculo argentino foi encenado na sexta-feira (6) Parque Ecológico Danilo Santos de Miranda (Zona Sul)e neste sábado (7) na Represa Municipal.

As apresentações seguem nos dia 8, 9 e 10, em duas sessões diárias às 11h e às 14h no Parque Ecológico Joaquim de Paula Ribeiro (Zona Norte), na Praça Moysés Miguel Haddad – (Caixa D´ Água da Boa Vista) e na Praça Rui Barbosa, respectivamente. Não é necessário retirar ingressos. 

A montagem que já passou por cidades do mundo, no meio de um lago holandês, em vinhas, na Cordilheira argentina, e à beira do Hudson River Park, em Nova York, traz camas e um elenco formado por atrizes deitadas em cada uma. 
'Tudo Que Está ao Meu Lado', concepção do argentino Fernando Rubio, encenada no FIT Rio Preto (Foto: Divulgação)
Com duração de 15 minutos, o espetáculo convida uma pessoa para tirar os sapatos e deitar-se ao lado da atriz. “A posição horizontal é algo aprendido e repetido diariamente”, conta Rubio. “Na peça, essa ação transforma o ato privado inevitável em público e continua a construir um evento íntimo.”

Para o artista, as camas espalhadas ao ar livre também configuram uma instalação para o público ao redor. 

“Todos os ruídos, vozes, o clima, mudanças de iluminação e o inesperado atravessam o espaço aparentemente calmo, o que oferece infinitas possibilidades, ao mesmo tempo em que não alteram a estrutura principal do trabalho.” 

O trabalho com as atrizes convidadas compõe a construção de uma relação um a um, com voz, olhares e expressões construídas e oferecidas para o espectador ao seu lado. 

“A ação deve ser econômica. Não há outra maneira de estabelecer um vínculo mais profundo com esse trabalho, a não ser deixando que se revelem espaços nem sempre visíveis ou decodificáveis em uma emoção.”
'Tudo Que Está ao meu Lado', encenada no FIT Rio Preto (Foto: Divulgação)
PARA a curadoria desta edição que compôs a grade de 20 espetáculos  de países como Finlândia e França, e do Rio, Paraná, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo  o FIT renova um olhar para as artes cênicas e o espaço público, a partir de obras que empunham certa elaboração de discursos e experimentação de linguagens. 

“Há uma sintonia com o momento do País e trabalhos desenvolvidos que refletem sobre temas políticos e sociais”, explica Janaína Leite, uma das curadoras, sobre montagens como Cabaret Macchina, do Paraná —
que será apresentado dias 9 e 10 de julho. “Mesmo que seja um espetáculo de rua, o grupo desenvolve ações além do que é feito tradicionalmente no gênero.” 
'Isto É Um Negro?', de São Paulo, foi encenado na sexta (6) e sábado (7) no FIT Rio Preto (Foto: Divulgação).
HÁ MONTAGENS que lançam mão de discursos contra homofobia e racismo e ainda elaboram uma linguagem como suporte para as ideias, como é o caso de Isto É Um Negro?, de São Paulo, que foi encenado na sexta (6) e neste sábado (7).

“A performance é importante por provocar o teatro e colocá-lo nos limites do corpo e da relação com o público. A urgência do tema acaba ganhando contornos sombrios e revelando contradições. É sair do teatro com mais problemas que soluções”, diz Janaína.


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