Renato Russo (Foto: Reprodução) |
🎬 Clóvis Assis | Da Redação
Intitulado "Desalento", o texto relata a angústia da família e tristeza com a ideia de perder toda a memória do cantor.
O desentendimento entre o filho do músico e o restante da família não é algo novo. Há dois anos, Giuliano cortou todas as relações com a mãe de Renato (que criou o jovem) e com todo o resto. O motivo, segundo Carmem, é desconhecido. "Uma das atitudes dele foi trocar as fechaduras do apartamento do meu irmão para que eu e minha mãe não tivéssemos mais acesso a nenhum pertence dele", conta. "Minha mãe ficou desolada", completa.
"Todo legado artístico e intelectual do Renato está preservado no MIS, e nada disso foi doado", diz diretora do Retiro dos Artistas
Ao Correio Braziliense, Carmem afirmou: "O que será vendido ali são objetos da história de vida do Renato, eles são patrimônios artísticos culturais, são itens que todos os fãs gostariam de conhecer e tirar fotos e, se de fato isso acontecer, nenhuma pessoa poderá ter esse acesso".
Para a diretora do Retiro dos Artistas, Cida Cabral, os objetos que foram doados por Giuliano não vão inteferir no legado que Renato Russo deixou, pois os objetos mais importantes encontram-se no MIS (Museu da Imagem e Som de São Paulo).
"Esses objetos doados por Giuliano são itens que eram do dia a dia de Renato, como um shortinho que ele usava em casa, camisas, duas poltronas e outros utensílios simples. Nós do Retiro dos Artistas gostaríamos de frisar e deixar bem claro que, todo legado artístico e intelectual do Renato está preservado no MIS, e nada disso foi doado", afirmou Cida Cabral ao Correio.
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A t o r e s & M í d i a s
NA ÚLTIMA semana, quando Renato Russo completaria 58 anos de vida, foi confirmado que um leilão – promovido pelo único filho do músico, Giuliano Manfredini – com os pertences do cantor acontecerá no próximo sábado (7), em prol do Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro.
Os fãs do cantor terão a oportunidade de adquirir objetos que pertenceram ao ídolo, no “Grande Bazar Renato Russo”, com mais de 200 peças que pertenceram ao líder da banda Legião Urbana.
CDs da coleção de Renato Russo que à venda no bazar no Retiro dos Artistas (Foto: Cida Cabral/Divulgação) |
Embora tenha deixado os fãs do músico bastante animados, a notícia caiu como uma bomba para a família do artista.
Carmem Teresa Manfredini, irmã do ex-líder do Legião Urbana, divulgou uma carta aberta ao Na Telinha explicando toda a situação e evidenciando que o leilão acontecerá contra a vontade de toda a família do músico.
Carmem Teresa Manfredini, irmã do ex-líder do Legião Urbana, divulgou uma carta aberta ao Na Telinha explicando toda a situação e evidenciando que o leilão acontecerá contra a vontade de toda a família do músico.
Intitulado "Desalento", o texto relata a angústia da família e tristeza com a ideia de perder toda a memória do cantor.
“A tristeza é muito grande porque todo o seu acervo cultural e artístico foi guardado com muito esmero e carinho pelo seu pai, Renato Manfredini, minha mãe [Carminha Manfredini] e por mim desde a sua morte em 1996”, escreveu.
Ao longo de toda a carta – embora diga que não gostaria de tornar público um assunto familiar – Carmem critica a atitude do sobrinho, afirmando que o leilão só vai servir para espalhar e perder toda a memória de seu irmão. "Como pode leiloar simplesmente tudo? Se desfazer como se não significasse nada?", diz.
O desentendimento entre o filho do músico e o restante da família não é algo novo. Há dois anos, Giuliano cortou todas as relações com a mãe de Renato (que criou o jovem) e com todo o resto. O motivo, segundo Carmem, é desconhecido. "Uma das atitudes dele foi trocar as fechaduras do apartamento do meu irmão para que eu e minha mãe não tivéssemos mais acesso a nenhum pertence dele", conta. "Minha mãe ficou desolada", completa.
"Todo legado artístico e intelectual do Renato está preservado no MIS, e nada disso foi doado", diz diretora do Retiro dos Artistas
Legião Urbana. (Foto: Divulgação) |
A irmã de Renato também reforçou que a família não é contra o Retiro dos Artistas, em ajudar qualquer instituição, e até sugere que os objetos sejam doados para o Espaço Cultural Renato Russo, em Brasília.
O medo de Carmem e da mãe é que o patrimônio do músico seja perdido. Ela acredita que existam outras maneiras de ajudar a instituição sem destruir toda a memória do músico.
Ao Correio Braziliense, Carmem afirmou: "O que será vendido ali são objetos da história de vida do Renato, eles são patrimônios artísticos culturais, são itens que todos os fãs gostariam de conhecer e tirar fotos e, se de fato isso acontecer, nenhuma pessoa poderá ter esse acesso".
Para a diretora do Retiro dos Artistas, Cida Cabral, os objetos que foram doados por Giuliano não vão inteferir no legado que Renato Russo deixou, pois os objetos mais importantes encontram-se no MIS (Museu da Imagem e Som de São Paulo).
"Esses objetos doados por Giuliano são itens que eram do dia a dia de Renato, como um shortinho que ele usava em casa, camisas, duas poltronas e outros utensílios simples. Nós do Retiro dos Artistas gostaríamos de frisar e deixar bem claro que, todo legado artístico e intelectual do Renato está preservado no MIS, e nada disso foi doado", afirmou Cida Cabral ao Correio.
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🎬 Com informações de:
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA:
”Foi com profunda tristeza, mágoa e indignação,que eu e a minha mãe, Carminha Manfredini, soubemos por um amigo que no dia do aniversário de 58 anos de meu querido e amado irmão, Renato Russo/Renato Manfredini Júnior, haveria um leilão de todos os seus pertences e objetos pessoais, autorizado pelo seu filho Giuliano Manfredini.
Este leilão irá ocorrer no dia 7 de abril ( sábado) a partir das 12:00, no Retiro dos Artistas, Rio de Janeiro.
A tristeza é muito grande porque esses objetos,ou seja,todo o seu acervo cultural e artístico, foi guardado com muito esmero e carinho pelo seu pai, Renato Manfredini,minha mãe e por mim desde a sua morte em 1996.
Cuidávamos de tudo,absolutamente tudo: de uma frase escrita por ele em um papel, de seus diários, de suas roupas, instrumentos, livros, LPS, CDS, móveis e de tantos outros objetos daquele apartamento na Rua Nascimento e Silva. E mantivemos o apartamento com a mesma decoração, mobiliário, objetos, como se ele estivesse morando ainda ali.
Interior do apartamento de Renato Russo, no Rio de Janeiro, onde o cantor viveu os últimos seis anos de vida. (foto: Diego Ponce de Leon/CB/D.A Press) |
Em 2004 fui curadora juntamente com Renata Azambuja de uma exposição intitulada “Renato Russo Manfredini Júnior”, no CCBB de Brasília,em que este acervo foi mostrado a milhares de fãs pela primeira vez.
Houve também a recente exposição do MIS, em São Paulo,”Renato Russo”. Ambas foram um sucesso de público, crítica e teve todo o apoio dos fãs, imprensa e de pessoas que gostavam e gostam do Renato.
Como pode Giuliano Manfredini ,filho de Renato Russo,que deveria zelar por todo esse patrimônio, leiloar simplesmente tudo? Se desfazer desse patrimônio assim como se não significasse nada?
Muitos fatos que aconteceram já há alguns anos, não foram levados a público. Na verdade, minha mãe e eu, não queríamos que assuntos familiares fossem divulgados para gerar especulações envolvendo o nome do nosso querido Renato.
Infelizmente minhã mãe e eu não tivemos outra opção a não ser vir a público, pedir ajuda e mostrar nossa profunda angústia e desalento. Para se ter uma ideia, uma das atitudes de Giuliano Manfredini, foi a de trocar as fechaduras do apartamento do meu irmão no Rio de Janeiro, para que eu e a minha mãe Carminha, não tivéssemos mais acesso a nenhum pertence dele.
Qual não foi a nossa surpresa,quando um dia fomos lá para passar a tarde, (para lembrarmos dele e dos ótimos momentos em família),ver e tocar as suas roupas,cadernos…e não conseguimos abrir as portas! A confirmação veio por uma amiga da família.
Minha mãe que é uma senhora de idade, ficou extremamente triste e desolada já que não pode ali ter em suas mãos os pertences do seu filho….
Além disso,ele cortou todo o tipo de relação conosco. Não temos sequer ideia da razão desse afastamento. Ele não fala conosco há quase dois anos… Vocês podem imaginar a dor da minha mãe,que o criou,não como um neto,mas como um filho,com todo o amor e carinho do mundo? Naturalmente, ela entrou em depressão,mas reagiu porque teve um primeiro filho,este sim,que a amou como se não houvesse amanhã.
Agora ele quer doar tudo como se nada valesse para nós? E os nossos sentimentos? E alguns objetos,que são meus também,por direito,como livros e LPS de infância,fotos? E também alguns que pertencem à minha mãe? E os fãs? Vocês que têm um carinho imensurável e amor incondicional pelo Renato e que nunca mais poderão ter a chance de ver uma outra exposição, pois todo esse espólio vai ser separado, espalhado e dilapidado. Toda a sua memória cultural e artística será desfeita. Giuliano deveria refletir melhor sobre as consequências que esse leilão trará. As futuras gerações não verão uma bata de show sequer, nem suas calças de couro, absolutamente nada. E para o meu desespero, muitos desses pertences nunca tiveram registro fotográfico.
Fico imaginando o sofrimento que o meu pai que faleceu ha 14 anos teria, e também,com certeza,o pesar que as famílias Manfredini e Oliveira sentirão.Todos os meus tios e primos, sem exceção.
Ele não tem a mínima noção do que faz ou deve estar sendo muito mal aconselhado por terceiros para agir desta maneira.
Em hipótese alguma somos contra ajudar qualquer instituição. Muito pelo contrário. A minha mãe trabalha com caridade e projetos sociais há quase 45 anos em Brasília – DF.
O que questionamos aqui é o do porquê deste leilão,quando haveria outras alternativas para socorrer o Retiro dos Artistas,que abriga pessoas que merecem todo o nosso apreço,respeito e consideração. Doações,shows beneficentes,ou mesmo como o Renato Russo fez com o seu trabalho solo,” The Stonewall Celebration Concert” (1994), em que parte dos royalties do disco foram doados à Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida,campanha organizada por Herbert de Souza.
Há muitas formas de se fazer o bem verdadeiramente. Giuliano pode e deve usar o nome de Renato Russo para quaisquer ações que venham a acudir pessoas merecedoras.
Inclusive parte dessa herança deixada por meu irmão Renato,que igualmente tinha uma extrema preocupação por tudo o que guardava (não jogava absolutamente nada fora), poderia ser doada para o Espaço Cultural Renato Russo, em Brasília- DF.
Este espaço será reinaugurado em junho de 2018 e terá salas para oficinas e apresentações de dança,teatros,biblioteca e gibiteca. Seria um presente para a cidade e os fãs de todo o país,que poderiam ver e apreciar roupas,manuscritos,instrumentos. Renato sempre prezou e incentivou a educação e cultura,e ficaria feliz,sem dúvida,que os seus objetos ali estivessem.
Se Giuliano tem a intenção de ser generoso leiloando essas relíquias para o Retiro dos Artistas, porque faz exatamente o oposto,destratando e ignorando a mãe dele e a tia? E os tios,primos e amigos com os quais ele não fala mais?
Ele irá privar não só a minha mãe,a mim e aos incontáveis fãs desse tesouro ,mas principalmente a si próprio,que poderia aprender e evoluir individual e intelectualmente com este legado.
Sem esses objetos ao nosso alcance,perdem- se todas as referências por ele deixadas.Será praticamente impossível fazermos quaisquer pesquisas mais apuradas sobre o que lia,ouvia,assistia ou pesquisava.
Como disse Carminha Manfredini: “É assim que uma pessoa cai no esquecimento,até desaparecer e enfim,morrer…”
Obrigada a todos,em meu nome e de minha mãe, por terem lido esse desabafo, e podem acreditar que o meu coração está em mil pedaços (rimou). Que fiquemos com Deus,com a Luz e com os Anjos! Força Sempre!!!
Houve também a recente exposição do MIS, em São Paulo,”Renato Russo”. Ambas foram um sucesso de público, crítica e teve todo o apoio dos fãs, imprensa e de pessoas que gostavam e gostam do Renato.
Como pode Giuliano Manfredini ,filho de Renato Russo,que deveria zelar por todo esse patrimônio, leiloar simplesmente tudo? Se desfazer desse patrimônio assim como se não significasse nada?
Muitos fatos que aconteceram já há alguns anos, não foram levados a público. Na verdade, minha mãe e eu, não queríamos que assuntos familiares fossem divulgados para gerar especulações envolvendo o nome do nosso querido Renato.
Infelizmente minhã mãe e eu não tivemos outra opção a não ser vir a público, pedir ajuda e mostrar nossa profunda angústia e desalento. Para se ter uma ideia, uma das atitudes de Giuliano Manfredini, foi a de trocar as fechaduras do apartamento do meu irmão no Rio de Janeiro, para que eu e a minha mãe Carminha, não tivéssemos mais acesso a nenhum pertence dele.
Qual não foi a nossa surpresa,quando um dia fomos lá para passar a tarde, (para lembrarmos dele e dos ótimos momentos em família),ver e tocar as suas roupas,cadernos…e não conseguimos abrir as portas! A confirmação veio por uma amiga da família.
Minha mãe que é uma senhora de idade, ficou extremamente triste e desolada já que não pode ali ter em suas mãos os pertences do seu filho….
Além disso,ele cortou todo o tipo de relação conosco. Não temos sequer ideia da razão desse afastamento. Ele não fala conosco há quase dois anos… Vocês podem imaginar a dor da minha mãe,que o criou,não como um neto,mas como um filho,com todo o amor e carinho do mundo? Naturalmente, ela entrou em depressão,mas reagiu porque teve um primeiro filho,este sim,que a amou como se não houvesse amanhã.
Agora ele quer doar tudo como se nada valesse para nós? E os nossos sentimentos? E alguns objetos,que são meus também,por direito,como livros e LPS de infância,fotos? E também alguns que pertencem à minha mãe? E os fãs? Vocês que têm um carinho imensurável e amor incondicional pelo Renato e que nunca mais poderão ter a chance de ver uma outra exposição, pois todo esse espólio vai ser separado, espalhado e dilapidado. Toda a sua memória cultural e artística será desfeita. Giuliano deveria refletir melhor sobre as consequências que esse leilão trará. As futuras gerações não verão uma bata de show sequer, nem suas calças de couro, absolutamente nada. E para o meu desespero, muitos desses pertences nunca tiveram registro fotográfico.
Fico imaginando o sofrimento que o meu pai que faleceu ha 14 anos teria, e também,com certeza,o pesar que as famílias Manfredini e Oliveira sentirão.Todos os meus tios e primos, sem exceção.
Ele não tem a mínima noção do que faz ou deve estar sendo muito mal aconselhado por terceiros para agir desta maneira.
Em hipótese alguma somos contra ajudar qualquer instituição. Muito pelo contrário. A minha mãe trabalha com caridade e projetos sociais há quase 45 anos em Brasília – DF.
O que questionamos aqui é o do porquê deste leilão,quando haveria outras alternativas para socorrer o Retiro dos Artistas,que abriga pessoas que merecem todo o nosso apreço,respeito e consideração. Doações,shows beneficentes,ou mesmo como o Renato Russo fez com o seu trabalho solo,” The Stonewall Celebration Concert” (1994), em que parte dos royalties do disco foram doados à Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida,campanha organizada por Herbert de Souza.
Há muitas formas de se fazer o bem verdadeiramente. Giuliano pode e deve usar o nome de Renato Russo para quaisquer ações que venham a acudir pessoas merecedoras.
Inclusive parte dessa herança deixada por meu irmão Renato,que igualmente tinha uma extrema preocupação por tudo o que guardava (não jogava absolutamente nada fora), poderia ser doada para o Espaço Cultural Renato Russo, em Brasília- DF.
Este espaço será reinaugurado em junho de 2018 e terá salas para oficinas e apresentações de dança,teatros,biblioteca e gibiteca. Seria um presente para a cidade e os fãs de todo o país,que poderiam ver e apreciar roupas,manuscritos,instrumentos. Renato sempre prezou e incentivou a educação e cultura,e ficaria feliz,sem dúvida,que os seus objetos ali estivessem.
Se Giuliano tem a intenção de ser generoso leiloando essas relíquias para o Retiro dos Artistas, porque faz exatamente o oposto,destratando e ignorando a mãe dele e a tia? E os tios,primos e amigos com os quais ele não fala mais?
Ele irá privar não só a minha mãe,a mim e aos incontáveis fãs desse tesouro ,mas principalmente a si próprio,que poderia aprender e evoluir individual e intelectualmente com este legado.
Sem esses objetos ao nosso alcance,perdem- se todas as referências por ele deixadas.Será praticamente impossível fazermos quaisquer pesquisas mais apuradas sobre o que lia,ouvia,assistia ou pesquisava.
Como disse Carminha Manfredini: “É assim que uma pessoa cai no esquecimento,até desaparecer e enfim,morrer…”
Obrigada a todos,em meu nome e de minha mãe, por terem lido esse desabafo, e podem acreditar que o meu coração está em mil pedaços (rimou). Que fiquemos com Deus,com a Luz e com os Anjos! Força Sempre!!!
Carmem Teresa Manfredini”.
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