CLÓVIS ASSIS ATORES & MÍDIAS | PESSOAS, ARTES & MEIOS: EDUCAÇÃO | Projeto Tertúlia Lusófona objetiva manter viva a Língua Portuguesa nos filhos de Imigrantes em qualquer parte do mundo

A fundadora e presidente da Tertúlia Lusófona (TL), a escritora psicopedagoga Samira Camargo, de São José do Rio Preto (SP/Brasil), fala com exclusividade ao Blog Atores & Mídias sobre o projeto fundado em parceria com o português Armando Ribeiro: "sonhamos em levar a Língua Portuguesa para todos os filhos de imigrantes lusófonos nos nove países que falam a nossa língua materna", declara.

A escritora e professora psicopedagoga Samira Camargo, fundadora do projeto Tertúlia Lusófona em São José do Rio Preto, SP/Brasil. [Foto: Alexandre Sá]

➤por Clóvis Assis

A t o r e s & M í d i a s

A TERTÚLIA LUSÓFONA (TL) em parceria com a Associação Portuguesa de Poetas (APP) e a Academia Brasileira de Escritores (ABRASC) comemoram o sucesso da seleção de escritores que assinam, em coautoria, o primeiro volume da Antologia 'Elos da Língua Portuguesa', obra que será lançada em várias cidades do Brasil no segundo semestre de 2019.

Atualmente 250 milhões de pessoas em todo o mundo falam português e o Brasil responde por cerca de 80% desse total.

Diante disto a Língua Portuguesa é instituída como oficial em Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Cabo verde, Brasil, Moçambique, Timor Leste, São Tomé, Principe e Guiné Equatorial.

O conteúdo da obra 'Elos da Língua Portuguesa', prevista em 10 volumes, faz uma homenagem aos nove países que falam a Língua Portuguesa, com o intuito de promover o intercâmbio cultural entre eles. Além do Brasil, já estão confirmadas para o lançamento internacional da Antologia as capitais Genebra (Suíça) e Lisboa (Portugal).

A arte da capa do primeiro volume da obra 'Elos da Língua Portuguesa' (foto acima) apresenta as bandeiras dos nove países, trazendo ao topo as assinaturas das três instituições parceiras (Tertúlia Lusófona, Associação Portuguesa de Poetas e a Academia Brasileira de Escritores) que estão promovendo a Antologia. E ao centro, a foto da cidade de São José do Rio Preto (SP/Brasil), em referência ao local de fundação e sede da Tertúlia Lusófona (TL).

O projeto TL é resultado dos sonhos do português Armando Ribeiro e da brasileira Samira Camargo. [Foto:Reprodução/Internet]:

TERTÚLIA LUSÓFONA (TL)

O PROJETO Tertúlia Lusófona (TL) foi fundado em 13 de novembro se 2017 na cidade de São José do Rio Preto (SP/Brasil) por meio dos sonhos da escritora e professora psicopedagoga rio-pretense Samira Aparecida de Camargo (que ocupa a presidência do projeto) e do seu amigo português Armando Ribeiro, nomeado Presidente de Honra da instituição.

"Armando Ribeiro estava com 81 anos quando fundamos a TL em 2017. Após ter vivido 22 anos em Portugal, foi para a África onde residiu por 20 anos e depois viveu no Brasil durante 41 anos. Foi imigrante e soube o valor de ensinar a língua portuguesa para seus filhos”, afirma Samira Camargo. “Hoje Armando vive em Portugal e ainda ensina a língua portuguesa para sua neta e genro”, ressalta.

CONSIDERADO um projeto audacioso, Tertúlia Lusófona (TL) tem como meta valorizar os estudos dos filhos de imigrantes nas escolas onde estudam. "Sem esquecer que estudar a Língua Portuguesa dará a eles a possibilidade de se relacionar com seus entes queridos e no futuro a possibilidade de usufruir de mais um idioma no seu currículo”, explica Samira.

“Cabe saber, que somos nove países falantes da Língua Portuguesa em todo o mundo, e o nosso objetivo é trabalhar em prol de todos os que falam a nossa língua materna”, ressalta a presidente da TL.

Samira Camargo: "com a Fundação da Tertúlia Lusófona veio também a alegria de poder estudar sobre os nove países que falam a língua portuguesa". (Foto: Reprodução/Internet).

SAMIRA CAMARGO: uma vida dedicada à educação

A PRESIDENTE e fundadora da Tertúlia Lusófona, Samira Aparecida de Camargo (64 anos), é pedagoga formada pela UNESP de São José do Rio Preto, Estado de São Paulo (Brasil), com especialização em psicopedagogia pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP).

Samira Camargo trabalhou durante 40 anos em escolas da sua cidade natal (São José do Rio Preto), onde desenvolveu uma metodologia própria para facilitar a alfabetização dos alunos que apresentavam dificuldades de aprendizado.

Aos 19 anos começou sua jornada profissional lecionando, como professora especialmente convidada, nos melhores colégios particulares da cidade de São José do Rio Preto (SP/Brasil).

“Fiz um curso de especialização do Método Montessori em São Paulo [Capital do Estado] quando iniciei na profissão de educadora, pois a primeira escola que lecionei fazia uso desta metodologia”, relembra a professora, que estreou na carreira no Externato Santo Antônio, onde lecionou durante 11 anos.

“Depois fui convidada para lecionar no Colégio São José e no Colégio Santo André [em Rio Preto/SP]”, acrescenta Samira, portadora de um vasto conhecimento e domínio em alfabetização.

A presidente da Tertúlia Lusófona, Samira Camargo, em entrevista ao Blog Atores & Mídias na Livraria Leitura do Shopping Iguatemi Rio Preto. (Foto: A&M)

Em 1995 Samira Camargo decidiu abrir sua própria instituição de ensino e fundou o primeiro centro de reforço escolar de São José do Rio Preto (SP/Brasil) para atender alunos com dificuldades escolares e comportamentais

Segundo ela, os casos eram realmente individuais e para tanto tinha que ter atendimento personalizado. Durante 18 anos trabalhou de forma personalizada com os alunos que recebia.

“Recebia alunos cujos pais tinham ficado por alguns anos fora do Brasil e seus filhos precisavam ficar em dia com a Língua Portuguesa. Estes alunos precisavam de um atendimento especializado para não perder o ano escolar que estavam. Na grande maioria eles apenas falavam o português”, lembra.

Além de trabalhar com alunos com dificuldades de aprendizagem, também atendia alunos com dificuldades comportamentais. “Recebia também alunos que não conseguiam se alfabetizar pelo método usado por sua escola. Alunos que tinham muita dificuldade de concentração e portanto davam 'trabalho' aos seus professores”, declara a psicopedagoga.

Professora psicopedagoga Samira Camargo ladeada por crianças ávidas pelo aprendizado: "Paixão pela arte de ensinar, instruir e educar". (Foto: Reprodução/Facebook)

QUANDO Samira Camargo decidiu se aposentar, vendeu a escola (que ainda hoje está em funcionamento, mantendo o seu legado) e em 2017 resolveu fundar a Tertúlia Lusófona (TL) juntamente com o amigo Armando Ribeiro, para colaborar com pais e educadores que desejam fazer com que sua Língua de Herança não morra.

Os fundadores da TL acreditam que a Língua de Herança seja um tesouro que não pode ser perdido com o passar do tempo, mesmo que o ‘herdeiro’ que more fora esteja aprendendo outro idioma.

“Fundamos a Tertúlia Lusófona para compartilhar a primeira fase tão decisiva para a continuidade do ensino da Língua de Herança, que é a Alfabetização”, explica Samira.

'Meu sonho é levar a Língua Portuguesa para os filhos de imigrantes lusófonos', almeja Samira

CONFORME Samira Camargo os cursos de Alfabetização para educadores e pais no mundo todo já é uma realidade. A psicopedagoga oferece consultoria e assessoria em Como Abrir uma Escola cujo atendimento é personalizado, em paralelo ao ofício de ministrante do Curso de Alfabetização em Língua Portuguesa, além de realizar palestras para pais e alunos adolescentes que não foram alfabetizados.

“Vou a todos os lugares que me convidarem para ministrar cursos aos pais e educadores que queiram aprender como alfabetizar seus filhos e alunos. Daremos o primeiro curso em Houston (EUA), em março de 2.019”, anuncia a mestra.

A professora acredita que, alfabetizados, os imigrantes poderão ter a oportunidade de estudar e de ter fluência na Língua Portuguesa. “Também sabemos que com o domínio da Língua, o estudante poderá estudar as matérias necessárias para prestar vestibular nos nove países de Língua Portuguesa. Inclusive num país da Europa: Portugal”, diz ela.

Nos Consulados dos países que estes imigrantes moram, poderão obter os certificados perante provas, para os estudantes que estiverem em dia com os conteúdos das escolas do país pretendido. “Na maioria das vezes os pais não sabem deste privilégio”, ressalta.

SAMIRA explica que tanto os pais quanto alunos mais velhos precisam ser orientados de modo a entender que a Língua materna é uma herança. “Temos muito sucesso quando falamos da 'língua de herança' e não da língua falada no Brasil”.

São muitos os benefícios da metodologia aplicada pelo projeto TL, que tem como meta o domínio da Língua Portuguesa pelos filhos dos imigrantes lusófonos, já que é um idioma com mais de 250 milhões de falantes em seus países em desenvolvimento.

“O que se faz necessário, porém, é dar condições a toda a família para que esta mantenha ‘a salvo’ as vantagens de se ser nativos dos países lusófonos por meio da proficiência da Língua Portuguesa, esta que será estimulada por meio das atividades propostas pela Tertúlia Lusófona em consulados, igrejas, clubes etc”, explica Samira.

A escritora Samira Camargo lançou a obra infantojuvenil "As 7 Marias", premiada em Genebra (Suíça) e no Brasil pelo Prêmio Nelson Seixas em Rio Preto, SP. (Foto: Divulgação)

'Acredito na juventude e tenho o prazer em compartilhar minha experiência', diz a educadora

A EDUCADORA afirma que, a partir dessa consciência, o herdeiro da Língua Portuguesa terá um diferencial onde quer que esteja vivendo ou trabalhando, na sua idade adulta.

“Por isso, nosso fundador de honra [Armando Ribeiro] – um português que saiu do seu país aos 22 anos e teve a experiência de morar em vários países que falavam a língua Portuguesa –, ao sentir a dificuldade de ensinar aos filhos sua 'Língua de herança' sem apoio pedagógico, acredita tanto no sucesso dessa iniciativa", diz a mestra otimista.

"Acredito muito na juventude e tenho o maior prazer em compartilhar minha experiência", conclui a presidente da TL, Samira Camargo que, ciente do poder da nossa língua materna e da força da união, está aberta para contatos nos nove países, para viabilizar parcerias com o projeto Tertúlia Lusófona.